quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Dezembro de 1968: AI-5

Como se já não bastassem todas as revoltas e lutas travadas no ano de 1968, em 13 de dezembro deste ano, o governo do presidente Artur da Costa e Silva baixou o Ato Institucional 5. O AI-5, conhecido como o mais violento dos atos institucionais, foi o instrumento que deu ao regime poderes absolutos e cuja primeira conseqüência foi o fechamento do Congresso Nacional por quase um ano.


É possível ler a matéria completa publicada no dia 14 de dezembro de 1968 n banco de dados da Folha de S. Paulo.
O ministro da Justiça, Sr. Gama e Silva, anunciou ontem, por volta das 23 horas, duas medidas adotadas pelo governo da Republica, consubstanciadas no Ato Institucional no 5, que entrou em vigor ontem mesmo, e o Ato Complementar, decorrente do Institucional, que decretou o recesso do Congresso. O Ato Complementar não estipulou o prazo do recesso.

Cenário Musical


QUEM SABE FAZ A HORA NÃO ESPERA ACONTECER”

O cenário musical brasileiro no ano de 1968 foi muito produtivo. Os festivais da canção lançaram músicas, músicos e grandes compositores. Neste emblemático ano, a canção Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores” foi a trilha sonora, o hino da “Passeata dos Cem Mil”. Geraldo Vandré eternizou essa linda canção de coragem e reflexão para as questões políticas e sociais.



RODA VIVA

Roda Viva”, música composta por Chico Buarque, campeão do III Festival Internacional da Canção em 1967. No ano seguinte, foi apresentada uma peça de mesmo nome.


A peça que era dirigida por José Celso Martinez Corrêa e estavam no elenco atores como Marieta Severo  e Antônio Pedro na primeira temporada. Já na segunda, estavam outros atores, dentre eles Marília Pêra. Contava a história de Benedito Silva, mas pra agradar o público adotou o nome artístico de Ben Silver, no contexto da indústria cultural e televisiva em crescimento na década de 1960. E também abordando tudo o que estava acontecendo no momento. A peça foi bastante criticada, pois havia cenas ousadas e palavras de baixo calão. Atores foram agredidos no Teatro Galpão em São Paulo e o estúdio depredado pelo CCC -Comando de Caça aos Comunistas. Após dessa ocorrência, a peça voltou ao cenário gaúcho, mas o elenco voltou a sofrer agressões do CCC e a peça deixou de ser encenada.
 Independente de a peça não estar mais nos palcos e Geraldo Vandré não estar mais no cenário musical brasileiro, as duas canções continuam vivas.




1968: Panorama Mundial

Os anos 60 como um todo foram marcados pela força da juventude e, consequentemente, pelos movimentos estudantis. Hábitos, comportamento, moda e opiniões mudaram e se modificaram, representando sentimentos de revolta e revolução. Essas mudanças culminaram em 1968, ano que explodiu em lutas revolucionárias em aspectos raciais, sexuais, comportamentais e políticos.
O ano de 1968 foi marcado por revoltas e movimentos que, independente do lugar em que estouraram, serviram de lição e exemplo para outros países.

Guerra do Vietnã

Dois soldados norte-americanos mortos durante o ataque à Embaixada dos EUA.
Em 30 de janeiro de 1968, aconteceu um momento crítico na Guerra do Vietnã chamado de a Ofensiva do Tet. A cena que marcou o conflito foi a invasão do prédio da Embaixada dos Estados Unidos, no Vietnã do Sul. Protestos de universitários e grupos políticos em todo o mundo começaram a questionar a validade da ocupação dos Estados Unidos naquela região. O momento foi visto como início da derrocada dos Estados Unidos na guerra, gerando antipatia dos cidadãos americanos em relação ao conflito.
O que aconteceu depois: Os Estados Unidos perderam gradativamente o apoio dos cidadãos americanos na guerra. Os EUA insistiram no conflito até 1975, quando declaram a sua vitória. Em contrapartida, o Vietnã se unificou sob o controle do regime comunista.

Morte de Martin Luther King e acirramento do movimento antirracismo


Por muito tempo, Martin Luther King se manteve longe dos assuntos de guerra, com medo de associar o movimento negro a um sentimento antipatriótico. Em 1968, King abraçou a luta contra a Guerra do Vietnã. Mas o vínculo entre os dois movimentos foi curto, pois em 4 de abril do mesmo ano, King foi assassinado por James Earl Ray, que acreditava que King era um traidor da nação. A morte de Martin Luther King representa o fim da luta antirracista pacífica e o surgimento dos radicais Panteras Negras.
O que aconteceu depois: As ações de Martin Luther King deixaram um legado que influenciou muitas gerações e representam um marco no movimento antirracismo norte-americano.

Movimento estudantil na França

Charles de Gaulle: presidente da França em 1968
Em maio de 1968, a relação do movimento estudantil francês com a polícia se acirrou. Entre as exigências dos estudantes, estava a renúncia do presidente Charles de Gaulle e eleições gerais. Em 18 de maio, os estudantes fizeram uma greve de três dias, com o apoio de operários. O presidente propôs um aumento de salário para os operários, o que os fez sair da greve. Aos estudantes, a polícia respondeu violentamente com bombas de gás lacrimogêneo e pedradas.
O que aconteceu depois: Pensamentos diferentes e a saída de muitos estudantes do movimento fizeram com que ele perdesse a força. O presidente Charles de Gaulle conseguiu restabelecer a paz e os protestos se esgotaram em junho de 68.

A morte de Robert Kennedy e do idealismo americano


Robert Kennedy e Eugene McCarthy disputavam as eleições à presidência dos naquele ano. Kennedy apoiava Martin Luther King, discursava sobre a melhoria de vida dos americanos, sobre a diminuição da desigualdade social e defendia o fim da Guerra do Vietnã. Antes que pudesse pôr em prática o que pretendia, Kennedy foi assassinado em 5 de junho pelo palestino Sirhan Sirhan. O motivo teria sido uma represália ao apoio dos Estados Unidos a Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
O que aconteceu depois: Richard Nixon, candidato republicano, foi eleito presidente dos Estados Unidos e sua campanha apelava para a “maioria silenciosa” de americanos que via os manifestantes como baderneiros antipatrióticos.

Primavera de Praga

Tropas soviéticas invadem a Tchecoslováquia em agosto de 68
Alexander Dubcek, primeiro-secretário do Partido Comunista da Tchecoslováquia, sonhava em democratizar o comunismo e “desestalinizar” o sistema que predominava no país. A União Soviética, não gostando das reformas pretendidas por Dubcek e do afastamento do comunismo que elas poderiam causar, invadiu a Tchecoslováquia em agosto de 1968. A população tentou resistir de forma não violenta, mas as forças soviéticas deixaram 72 mortos e 702 feridos.
O que aconteceu depois: Dubcek e o presidente tchecoslovaco Ludvik Svobod não desistiram do movimento e defenderam as reformas diante do líder soviético Leonid Brezhnev, mas foram vencidos e forçados a desfazer a Primavera de Praga. Apesar disso, a Primavera de Praga representou o começo do fim do comunismo, dividindo o movimento comunista mundial.

Existiram heróis na ditadura militar?

Por Vaninha Black

Após a leitura do livro 1968 - O Ano Que Não Terminou, de autoria de Zuenir Ventura, percebi o quanto era inocente em relação a um assunto no qual me despertava tanta curiosidade. Não tinha a dimensão do quanto foi intenso o regime militar e muito menos o significado do ano de 1968 para o Brasil e o mundo. Era muito superficial meu conhecimento sobre o assunto. A primeira vez que estudei, foi na antiga 8ª série (atual 9ºano). Me fascinavam as músicas e a luta por um mundo melhor de artistas que até hoje influenciam e têm importância no cenário musical. A Passeata dos Cem Mil me fez admirar a coragem das pessoas em escancarar um NÃO a ditadura, um NÃO a violência. Alguns defendiam que, com o povo armado, a ditadura iria ter fim, outros que com o povo organizado  a ditadura iria ter fim. Embates pesados, relato de uma verdadeira guerra, descobertas através da  leitura deste livro por alguém que pensava que Guerra era só entre EUA e Iraque e que nesse país nunca houve algo tão cruel. Engano meu em pensar assim.

Então entra a questão: se os estudantes lutavam contra a repressão, a falta de liberdade, a violência com que eram tratados, por que pagar com a mesma moeda o mal que lhe fizeram? Lutar com as “mesmas” armas (no que se trata da violência, pois o exército era muito mais preparado - canhões, camburão, fuzis, metralhadoras - para guerra do que os estudantes, pois os últimos tinham instrumentos arcaicos como pedra e pedaços de pau) de quem tanto se critica! Levar a ferro e fogo o ditado “Olho por olho, dente por dente”?! Roubos, sequestros, assassinatos em ambos os lados fazem pensar se existiu o certo ou errado.

Certo ou errado? Quem estava certo, quem estava errado? Ou será o certo não avaliar desse modo tão radical, e crer na existência de que certo ou errado é apenas um ponto de vista? Ponto de vista de ver quem eram os heróis, quem foram os vilões, ou se não existiram de fatos heróis e vilões e sim, dois lados lutando por aquilo que acreditavam que era melhor para uma nação chamada Brasil.